Sexo na Terceira Idade

O mito da velhice assexuada está cada vez mais posto em causa por uma geração de seniores que não pretende resignar-se perante o “Inverno” da vida. Na verdade, estudos e especialistas dizem que é possível ter uma vida sexual ativa após os 65 anos. Aliás, até é desejável.

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Derrubando mitos e preconceitos

Se os mitos, preconceitos e tabus em relação ao sexo persistem, no que respeita à sexualidade da pessoa idosa são ainda mais vincados, arreigados e errados. Quer pela sociedade em geral quer pelos profissionais de saúde, este é com frequência considerado um assunto a evitar. Mas a verdade é que a sexualidade e o amor fazem parte da vida, desde o nascimento até à morte. E a curva demográfica da população portuguesa diz-nos que não podemos evitar esta temática por muito mais tempo. Em 2013, existiam 136 idosos por cada 100 jovens, em Portugal. A tendência é para que este desequilíbrio se agrave. Segundo as projeções do Instituto Nacional de Estatística (INE), até 2060, a população com 65 ou mais anos residente em Portugal poderá chegar a um rácio de 464 idosos para cada 100 jovens.

No entanto, nem tudo são más notícias. O aumento da esperança de vida e também da qualidade de vida na população mais velha está a ditar o surgimento de uma nova população sénior. A atual geração de idosos é diferente de todas aquelas que a precederam. Tem mais saúde, é mais ativa, mais independente e encara esta fase da vida de uma forma diferente e com mais otimismo. O conceito de idoso está em grande mutação. É por isso que se fala já na Quarta Idade e no grupo dos muito idosos, que inclui pessoas a partir dos 80 anos, para os distinguir daqueles que teoricamente são já idosos mas, rondando a casa dos 60 anos, se encontram muito longe do estereótipo do idoso debilitado fisicamente, dependente dos filhos, dedicado às cartas e ao dominó ou ao tricot e aos netos, conforme seja homem ou mulher (ver caixa “Os sexalescentes”).

Face ao bom nível de saúde geral, poder económico e independência destes “jovens idosos”, muitas coisas se alteram. Desde logo, é preciso ter em conta que são pessoas que não se entregam à velhice e, mesmo quando têm alguns problemas de saúde, não pretendem abdicar da sua vida social e, também, da sua vida sexual. Esta é de resto uma área onde os manuais de Medicina precisam, em muitos casos, de atualização. Falar do tratamento e abordagem do doente idoso não é apenas falar de polimedicação, síndromes depressivos e problemas cardiovasculares. Tem também de ser, cada vez mais, falar de saúde sexual, porquanto esta tem um impacto fortíssimo na qualidade de vida e no bem-estar geral do indivíduo.

A Ciência torna claro que o ser humano é capaz de sentir desejo sexual e vivenciar a sua sexualidade, enquanto entidade intrínseca da existência humana e com elevado impacto na qualidade de vida, até à morte. Do mesmo modo, é capaz de sentir e experienciar o amor, nas suas diversas formas, nas idades mais avançadas. As mudanças sociais e culturais ocorridas nas últimas décadas estão a levar muitos idosos a encarar a vida e a sexualidade de forma diferente.

Os novos fármacos permitem a muitos homens ultrapassar os condicionantes físicos para continuar a ter a sua atividade sexual. No sexo feminino, é a mudança de mentalidades que está a ditar a alteração de comportamentos. Cada vez são em maior número os testemunhos de mulheres que reencontraram o amor após a viuvez. Algumas destas mulheres assumem mesmo que nunca antes tinham sentido prazer ou, nos casos em que tinham prazer, não podiam assumi-lo ou expressá-lo. Hoje, libertas dos constrangimentos sociais e rígidos moralismos que lhes diziam que não podiam mais do que servir o marido, sentem-se plenamente realizadas e não têm vergonha de assumir que, aos 60, 70 ou mais anos, gostam de namorar e de ter prazer sexual.

De facto, pessoas com idade bastante avançada conseguem manter uma vida sexual ativa. Um estudo brasileiro (do Programa de Estudos da Sexualidade da Universidade de São Paulo ProSex, de 2008) indica que, no Brasil, 87% dos homens e 51% das mulheres com mais de 61 anos têm uma vida sexual ativa. Já a maioria dos britânicos pratica sexo até aos 70 anos, diz-nos um outro estudo; e uma investigação nórdica revela que a qualidade e a quantidade de experiências sexuais da população sueca com mais de 70 anos tem vindo a aumentar nos últimos 30 anos (de 52% para 68% nos homens casados e de 38% para 56% nas mulheres casadas. Já nos não casados, verificou-se um acréscimo de 30% para 54% no homens e de 0,8% para 12% nas mulheres).

Os escassos estudos realizados em Portugal sobre esta matéria, embora careçam de representatividade, apontam no mesmo sentido: um número considerável de pessoas com mais de 65 anos mantém uma vida sexual ativa, com particular preponderância para o sexo masculino. É na década de vida dos 70 anos que a grande maioria dos indivíduos cessa a atividade sexual.

O grande constrangimento à realização de estudos nesta faixa etária prende-se com a qualidade e dimensão da amostra. Destaca-se, por essa razão, um estudo realizado junto da população sénior norte-americana, pela Universidade de Chicago. Este envolveu cerca de 3 mil pessoas entre os 57 e os 85 anos, de ambos sexos, e concluiu que 73% dos participantes na faixa etária dos 57 aos 64 anos eram sexualmente ativos. No grupo etário dos 65 aos 74 anos a faixa de participantes sexualmente ativos desce para 53% e, na faixa etária entre os 75 e os 85 anos, cai para os 26%. Em termos gerais, as mulheres são menos ativas sexualmente do que os homens, nestas idades.


“O sexo na Terceira Idade traz prazer físico e reafirma a identidade e a autoestima, o que ajuda a diminuir a tendência para o desenvolvimento de problemas típicos do idoso, como o isolamento ou a depressão.”

Prazer depois dos 60

Muita coisa muda no corpo do homem e da mulher depois dos 60 anos. No entanto, cada vez mais especialistas apontam no sentido de que é possível e desejável ter uma vida sexual ativa e saudável após essa idade. A sexualidade e o desejo sexual alteram-se ao longo dos anos, mas nunca deixam de existir. É facto que a frequência das relações sexuais tende a diminuir com o passar dos anos, mas estas podem até ter maior qualidade. Além disso, estudos indicam que os idosos que se mantêm sexualmente ativos têm menos problemas físicos e mentais. O sexo na Terceira Idade traz prazer físico e reafirma a identidade e a autoestima, o que ajuda a diminuir a tendência para o desenvolvimento de problemas típicos do idoso, como o isolamento ou a depressão. Esta dimensão da vida humana não pode, pois, ser esquecida no idoso, sobretudo quando se pretende fomentar o tão propalado envelhecimento ativo e saudável.As alterações hormonais, que ocorrem tanto no homem como na mulher, podem levar a uma diminuição do desejo sexual, mas não é imperioso que os idosos deixem de ter atividade sexual. Regra geral, durante o processo de envelhecimento, os homens preocupam-se mais com a manutenção da capacidade sexual e as mulheres com a perda de jovialidade e aspetos estéticos.

No entanto, os estudos indicam que as mudanças fisiológicas ocorridas tanto no corpo do homem como da mulher não justificam, por si só, o fim da capacidade sexual. Muitas vezes, outros fatores, como o ambiente familiar em que se vive ou o enquadramento sociocultural, acabam por condicionar muito mais do que as próprias limitações físicas.A primeira ideia a reter para que se possa entender e viver plenamente a sexualidade na Terceira idade é que esta não é sinónimo de relação sexual. O beijo, as carícias e muitas outras formas de contacto afetivo e intimidade fazem parte da sexualidade. Na Terceira idade, o prazer deixa de estar tão centrado na área genital e passa a incluir todo o corpo. Da mesma forma, o casal maduro passa a dar mais importância à qualidade do que à quantidade (esta última deveras valorizada na juventude). Passa-se também do domínio essencialmente físico para um domínio mais afetivo. Outro aspeto crucial é entender a sexualidade na Terceira Idade como algo diferente, evitando comparações constantes com a capacidade sexual em fases anteriores da vida.

“Uma investigação nórdica revela que a qualidade e a quantidade de experiências sexuais da população sueca com mais de 70 anos tem vindo  a aumentar nos últimos 30 anos.”

O que muda no homem e na mulher

Conhecer e compreender as alterações físicas que ocorrem no corpo e na resposta sexual do homem e da mulher após os 65 anos é também essencial. Na mulher, a diminuição da líbido e a falta de lubrificação vaginal tendem a ser os principais problemas. A manutenção de uma atividade sexual regular ajuda a ultrapassar estes constrangimentos e também a evitar atrofia muscular, outro obstáculo para o sexo feminino nesta faixa etária.

No homem, a ereção demora 2 a 3 vezes mais a ser estabelecida, mas uma vez conseguida mantém-se por muito mais tempo sem ejaculação. Na fase orgástica, desaparece a fase inicial e, por conseguinte, a sensação de inevitabilidade ejaculatória. Já a duração do período refratário aumenta de forma significativa.

O tempo na relação sexual passa assim a ser outro, mas isso não é necessariamente mau, dizem alguns especialistas. O ritmo mais lento permite usufruir sem ansiedade e com mais calma do prazer da relação amorosa.

Depois, importa ter em conta que o fenómeno do envelhecimento tem múltiplas dimensões. E se a dimensão biológica é marcante, as dimensões social, cultural e psicológica também têm muita influência na forma como cada indivíduo encara esta etapa. “A velhice é um estado de espírito”, já diz o povo. Encarar a Terceira Idade com espírito positivo e a perspetiva única que a maturidade propicia são ingredientes fundamentais para aproveitar esta fase da vida, que pode ser tão ou mais bela quanto todas as outras.

 OS “SEXALESCENTES”

 Na internet, redes sociais e emails em cadeia circula informação sobre um “movimento” que ilustra bem a nova realidade da Terceira Idade. Autodenominam-se “sexalescentes” porque rejeitam a palavra “sexagenários”. São pessoas na casa dos 60 anos, que recusam envelhecer e também ser considerados velhos. Isto porque dizem-se saudáveis, física e mentalmente, independentes e sexualmente ativos. Alguns trabalham, outros estão já reformados. Não têm medo do futuro, da solidão ou do ócio; querem antes desfrutar cada dia.São homens e mulheres que não se sentem fora deste tempo, que têm telemóvel, computador, tablet, enviam emails, sms e tudo o mais que a tecnologia permite. Se não estão bem com o seu estado civil, não se conformam e procuram alterá-lo. São a primeira geração a usufruir em pleno do progresso social, dos avanços da tecnologia e da Medicina alcançados nas últimas décadas. E parecem determinados a aproveitar a oportunidade.


“Os novos fármacos permitem a muitos homens ultrapassar os condicionantes físicos para continuar a ter a sua atividade sexual. No sexo feminino, é a mudança de mentalidades que está a ditar a alteração de comportamentos.”

O AMOR SÉNIOR NOS LIVROS

São vários os romances consagrados que contam a história, nem sempre fácil, de quem quer viver uma vida sexual ou um novo amor no dealbar da velhice. Eis alguns exemplos:

– Amor em Tempos de Cólera, de Gabriel Garcia Marquez: relata a história de Florentino Ariza e Firmina Daza, cujo amor da juventude teria de aguardar mais de 50 anos até se realizar plenamente, já na velhice de ambos.- O Tecido do Outono, de António Alçada Batista:   conta a história de Filipe, que redescobre, já idoso, o amor por Matilde, a mulher de quem se havia divorciado aos 30 anos, e mantém com ela uma vida sexual ativa.- O Animal Moribundo, de Philip Roth: um romance em torno da vida de David Kepes, um homem com mais de 60 anos e muitos cabelos brancos, que vê a sua ordenada vida completamente transformada por Consuela Castillo, uma jovem estudante que lança a vida do professor universitário num tumulto erótico.

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  1. Kelly Sturgeon

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