As Maiores Ameaças À Saúde Sexual Feminina
Existem patologias, tumores e infeções que condicionam, anualmente, a vida de milhões de mulheres. Conheça já os principais e saiba o que pode fazer para se proteger e para os evitar.
A saúde íntima feminina é um dos aspetos mais importantes na vida de uma mulher mas, por vezes, num mundo agitado como aquele em que hoje vivemos, as rotinas e o stresse diário a que estamos sujeitas fazem-nos descurar alguns cuidados essenciais, o que pode levar ao agravamento de alguns problemas. Para que possa reconhecer facilmente cada inimigo, enumerámos as principais patologias ginecológicas que afetam as mulheres portuguesas.
Porque, como já diz o ditado, mais vale prevenir do que remediar, aprenda a identificar as principais ameaças à saúde feminina e veja o que pode fazer para se defender com os conselhos de João Silva Carvalho, ginecologista. Estes são os problemas de saúde feminina a que as mulheres mais devem estar atentas:
– Fibromioma
É o nome do tumor mais frequente no aparelho genital feminino, um problema que atinge uma média de 30 por cento das mulheres, mas que, por norma, não inspira grandes cuidados, ainda que obrigue a um acompanhamento especializado que deve ser regular. João Silva Carvalho, ginecologista, refere que «esta é uma lesão múltipla que leva a um aumento do tamanho do útero deformado por nódulos de tumor do músculo uterino ou miométrico».
Sendo uma lesão benigna, «se a mulher não tiver sintomas ou o tumor não crescer demasiado, não será necessário qualquer tratamento, devendo apenas ser sujeita a vigilância ginecológica periódica, através de um controlo por métodos ecográficos». Os fibromiomas são de difícil diagnóstico, por não originarem, na sua maioria, qualquer sintoma.
Ainda assim, o exagero no fluxo menstrual, a perda de sangue fora da menstruação, a fadiga, o mal-estar e a anemia crónica são alguns dos sinais para os quais deve estar alerta. No caso de apresentar estes sintomas, não hesite em procurar ajuda especializada.
– Endometriose
Como explica João Silva Carvalho, «esta patologia deriva do facto do endométrio, que todos os meses se forma para proporcionar a implantação do embrião e que todos os meses é expulso no período menstrual, quando não ocorre gravidez, migrar para fora da cavidade uterina e implantar-se na cavidade pélvica nomeadamente nos ovários, no intestino e no peritoneu».
A endometriose causa dores intensas, nomeadamente na menstruação e, em casos extremos, provocados pelas alterações inflamatórias e cicatriciais, poderá dar origem a infertilidade. Qual a resposta para esta patologia? Segundo o especialista, existem três tipos de tratamento, conforme o objetivo.
O hormonal serve para impedir a progressão da doença, a exérese cirúrgica resolve o problema das lesões endometrióticas e eventualmente dos órgãos afetados (nomeadamente por endoscopia) e, por fim, o tratamento de infertilidade para ultrapassar o problema da falência da reprodução.
– Vulvovaginites
São as infeções da parte baixa do aparelho genital da mulher, da vulva e da vagina. «As vulvovaginites podem ser provocadas pelas bactérias ou micro-organismos que habitualmente vivem na cavidade vaginal, constituindo a flora microbiana vaginal normal, e que por qualquer razão passam a infectantes», afirma João Silva Carvalho. «Estas podem ainda ser causadas por bactérias originárias do exterior, por transmissão sexual», diz.
«Mas também outras vias de contágio como as mãos e a utilização de sanitários infetados», acrescenta ainda. Em qualquer dos casos, os principais sintomas das vulvovaginites são o corrimento abundante, prurido, ardência ou dor. Não use o medicamento da sua amiga só porque ela tem os mesmos sintomas. Cada caso é um caso e só o especialista poderá indicar a terapêutica mais adequada ao seu problema.
– Cancro do colo do útero
O segundo tipo de cancro mais mortal em Portugal, «resulta da infeção pelo vírus HPV (em particular as suas estirpes 16 e 18) produzindo lesões benignas que, ao serem incorporadas no genoma da célula, poderão converter-se em lesões malignas, processo que, no entanto, demora entre sete a dez anos». Para evitar esta situação, consulte regularmente o ginecologista e realize a colheita de células no exame citológico.
Na opinião de João Silva Carvalho, este rastreio permite identificar o problema atempadamente «para tratar as lesões e impedir a sua evolução para a malignidade». A vacina contra algumas estirpes do vírus HPV, recentemente disponível no mercado, está indicada preferencialmente num contexto de início da atividade sexual.
Em fase avançada de cancro, o médico refere que «é necessário recorrer a uma histerectomia (retirada do útero), seguida, nos estados mais avançados, de um tratamento de radioterapia». Para saber mais sobre este tipo de cancro, que em 2009 matava cerca de 300 mulheres por ano, clique aqui.
– Infertilidade
É uma das maiores preocupações atuais e, no caso feminino, «as principais causas de infertilidade são as alterações da ovulação, endometriose e factores tubo-peritoneais». Para a resolução deste indesejado problema, os tratamentos podem ser médicos, cirúrgicos ou implicar a reprodução medicamente assistida, «competindo aos ginecologistas solicitar a colaboração multidisciplinar de endocrinologistas, andrologistas e geneticistas», realça.
Tal deve ser feito «de modo a estabelecer o diagnóstico e propor o tratamento a efetuar», acrescenta ainda. «Nos casos que necessitam efetivamente de tratamento cirúrgico, os resultados positivos rondam os 60 por cento, ao passo que nas situações de reprodução medicamente assistida as expetativas de sucesso situam-se nos 30 por cento por cada tentativa de tratamento», sublinha ainda o especialista.
Rotina saudável
Siga os conselhos da médica Sara Ferreira para proteger a sua saúde íntima:
– Não use roupa muito apertada.
– Nas relações sexuais use preservativo. «Não é apenas uma forma de evitar a gravidez, evita a infeção pelo VIH e todas as outras doenças sexualmente transmissíveis», alerta.
– Evite produtos de higiene íntima agressivos que «desequilibram a flora vaginal e favorecem a proliferação de agentes patogénicos. Prefira sabonetes neutros, próprios para esta área ou lave só com água».
– Não exagere na higiene. «Mais do que duas lavagens diárias pode desequilibrar a flora vaginal. E os duches vaginais afetam as suas defesas», avisa.
– Evite o uso frequente de pensos diários. Use só quando é necessário e «troque-o com frequência ao longo do dia. O mesmo se aplica aos tampões», adverte.
– Consulte o ginecologista «sempre que sinta necessidade», defende Sara Ferreira. No início da vida sexual «é importante fazer o rastreio do cancro do colo do útero pelo exame de Papanicolau, a realizar anualmente ou a cada dois anos.
– Após três resultados normais consecutivos, poderá repeti-lo apenas de três em três anos», esclarece. Se notar alguma alteração, como as indicadas anteriormente, deverá ter consultas mais regulares.
Texto: Raquel Pires com João Luís Silva Carvalho (ginecologista) e Sara Ferreira (médica interna)
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